Brasil: Cebrapaz e AJM realizam Convenção de Solidariedade a Cuba
(Por Mery Bahia, jornalista da Flemacon)
No dia 26 de maio, a CebraPaz e Associação José Martí promoveram a Convenção Estadual de Solidariedade a Cuba, na Universidade do Estado da Bahia – UNEB, em Salvador, Bahia, Brasil.
Emiliano José, professor da UFBA, jornalista e escritor, fez uma palestra sobre José Martí, o chamado Apóstolo da Revolução Cubana, e sobre o bloqueio perverso dos EUA imposto a Cuba (leia mais no boxe).
Foi realizado para debater o contexto político de Cuba hoje, denunciar o cruel e ilegal bloqueio imposto pelo império estadunidense, celebrar a memória de José Martí e preparar a 26ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, que acontece em Belém, no Pará, de 8 a 11 de junho.
Reuniu lideranças dos movimentos populares e sindical, professores, estudantes, jornalistas e políticos dos estados da Bahia, Sergipe, Piauí e Maranhão.
A presidenta da Federação Latino-americana e Caribenha dos Trabalhadores da Construção, Madeira e Materiais de Construção – FLEMACON, Lúcia Maia, participou.
O músico baiano Gereba apresentou músicas da MPB e do cancioneiro popular cubano. E movimentou a plateia quando cantou Guantanamera, sucesso mundial, composição de José Fernández Diaz.
A Convenção contou com o apoio das seguintes entidades: UNEB, ANCREB-MA, UJS, MST, FLEMACON, GTNM-BA, NEAL – Núcleo de Estudos da América Latina e UBES.
O movimento de solidariedade a Cuba completa 30 anos de tradição, em apoio às lutas do país, em especial contra o bloqueio econômico e comercial norte-americano.
A 26ª Convenção Nacional busca ampliar o intercâmbio entre Cuba e o Brasil, fortalecer a defesa da revolução cubana e a soberania dos povos latino-americanos.
Emiliano José fala sobre a história de José Martí e o bloqueio dos EUA a Cuba
A memória de José Martí, a revolução cubana e o bloqueio estadunidense contra Cuba são temas por si só instigantes. Num domingo chuvoso, 28 de maio, dois dias após a Convenção em Solidariedade a Cuba, conversamos por telefone com o palestrante do evento, o jornalista Emiliano José.
Paulista que fez da Bahia sua morada, Emiliano José teve uma vida política pulsante, desde a militância na clandestinidade na AP (Ação Popular). Foi preso político durante a ditadura militar, de 1970 a 1974, é formado em Jornalismo, mestre e doutor em Comunicação (UFBA), foi deputado estadual pelo PMDB-BA, vereador de Salvador, deputado estadual e deputado federal pelo PT.
Imortal da Academia Baiana de Letras, jornalista, professor da UFBA e escritor, é autor de quase duas dezenas de livros, dentre eles Lamarca, o Capitão da Guerrilha (em parceria com o jornalista Oldack de Miranda), que virou filme dirigido por Sérgio Rezende e já está na 18ª edição, Galeria F. Lembranças do Mar Cinzento e Carlos Marighella, o Inimigo número um da Ditadura Militar.
Emiliano conta que já visitou Cuba quatro vezes e tem projeto, ainda sem data definida, para publicar cinco livros pelo Instituto Cubano do Livro, dirigido por Juan Rodríguez Cabrera.
E foi justamente através de Juan Rodríguez Cabrera, o Juanito, que o jornalista mergulhou mais fundo na história de José Martí, numa visita ao Instituto, com a companhia do amigo de fé e camarada Jorge Ferrera, veterano militante comunista da Ilha de Cuba, numa ensolarada e movimentada quinta-feira, na rua Obispo, em 22 de novembro de 2018.
Vamos fazer um parênteses para destacar uma síntese de trechos de texto de Emiliano José sobre José Martí, publicado no site Pátria Latina.
“A luta vitoriosa liderada pelo comandante Fidel Castro, derrubou o ditador Fulgêncio Batista, em 1º de janeiro de 1959. Mas, a revolução cubana, que completou 64 anos, foi um processo revolucionário iniciado bem antes, com José Martí, o chamado Apóstolo da Revolução Cubana.
Em 10 de outubro de 1868, o latifundiário progressista, Carlos Manuel de Céspedes, liberta seus escravos e chama-os para a luta pela independência de Cuba, contra a dominação espanhola. José Martí se envolveu totalmente nessa guerra, que durou até 1878.
Nessa época, o sangue revolucionário pela libertação já fervia nas veias, corações e mentes do povo cubano. E de 1879 a 1880 teve a chamada Guerra Chiquita, mas não logrou êxito. Faltou organização.
Em 1892, José Martí, o chamado Apóstolo da Revolução Cubana, fundou o Partido Revolucionário Cubano e liderou a luta pela independência de Cuba. Porém, logo no início morreu, aos 42 anos, atingido pelas tropas espanholas. A guerra durou até 1898.
Terminou quando os EUA entraram no conflito e derrotaram a Espanha. Mas reverteram a vitória em seu favor. Cuba se libertou do jugo da Espanha e caiu nas mãos dos EUA, que passam a controlar a Ilha, estabelecem um contrato de arrendamento perpétuo da Baía de Guantánamo, que persiste desde 1903 até os dias atuais. E fez de Guantánamo um centro de torturas e terror contra prisioneiros políticos. Absurdo dos absurdos, no território que pertence a Cuba”.
O artigo completo de Emiliano sobre Martí, pode ser acessado no link:
https://patrialatina.com.br/marti-soy-loco-por-ti-america/
Emiliano José mostra-se encantado ao falar da maior ilha do Caribe, o único país socialista do continente americano. E o que mais o encanta em Cuba, diz, “é o povo cubano, um povo extraordinário, que tem uma ligação muito forte com sua cultura, no sentido antropológico”, suas raízes, origens e costumes. Povo admirável “que tem uma capacidade incrível de manter viva a revolução cubana, com o apoio maciço da população, apesar do bloqueio perverso e assassino dos Estados Unidos”.
Quando Cuba era cassino, não precisava de bloqueio dos Estados Unidos. Com o comando de Fidel, passou a ter bloqueio. Emiliano conta que o amigo cubano, Jorge Lezcano, disse que tudo que se faz em Cuba está determinado pelo bloqueio.
Os EUA bloqueiam com crueldade e perseguem as empresas que querem investir em Cuba. E são recursos necessários para o desenvolvimento de Cuba, para a melhoria de vida da população. Em Cuba só não entra capital na educação, na saúde e na defesa.
Cuba hoje depende da conjuntura internacional, da solidariedade e do movimento das forças democráticas internacionais, analisa Emiliano.
Ao ser perguntado se tinha alguma expectativa sobre o fim do bloqueio, o jornalista disse: “Romper o bloqueio não é fácil. Os Estados Unidos são a maior força militar do mundo e não vão entregar os pontos assim tão fácil. Mas é evidente que o império está em declínio. E a China será o principal elemento dessa transformação.
E conclui com um chamado: “É importante que a classe trabalhadora, o movimento sindical, as entidades de classe se envolvam nessa luta contra o bloqueio imposto a Cuba”.
Nossa solidariedade também é revolucionária!
Viva Cuba!
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