Brasil: Democracia, soberania e desenvolvimento, as bandeiras do 7 de Setembro (artigo de Adilson Araújo, presidente da CTB)

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Por Adilson Araújo, presidente da CTB

O 7 de Setembro, Dia da Independência do Brasil, é uma data apropriado para refletir sobre três valores estratégicos para a CTB e a classe trabalhadora brasileira: a democracia, a soberania e o desenvolvimento nacional.

Quando hoje abordamos o tema democracia temos ainda bem quente e presente na memória a empreitada golpista capitaneada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro que culminou nos atos terroristas do 8 de janeiro na capital federal, com a invasão e vandalização das sedes dos Três Poderes.

Punir os golpistas

Para preservar e fortalecer o Estado Democrático de Direito e evitar que acontecimentos do gênero voltem a ocorrer no solo pátrio será indispensável punir rigorosamente os protagonistas daqueles lamentáveis acontecimentos, em particular os financiadores e seu comandante maior, o líder fascista Jair Bolsonaro.

Não podemos admitir a impunidade ou anistia dos crimes cometidos pelos bolsonaristas a pretexto da pacificação nacional porque isto significará, como significou no passado, um estímulo a novas empreitadas golpistas e vai enfraquecer, ao invés de fortalecer, a jovem e ainda frágil democracia brasileira.

Defender a soberania

Outra questão crucial que deve ser ressaltada neste 7 de Setembro é a soberania nacional. Embora formalmente independente desde 1922, o Brasil tem sido vítima de ingerências econômicas e políticas nocivas das potências imperialistas ao longo da história. Elas comprometem a soberania e o desenvolvimento nacional.

Temos exemplos disto na ativa participação dos Estados Unidos nos golpes de 1964 e 2016, ambos profundamente lesivos aos interesses maiores do povo e da nação, ao desenvolvimento, à democracia e à soberania.

Também serve de prova dos efeitos nocivos das ingerências imperialistas a chamada crise da dívida externa que eclodiu no início dos anos 80 do século passado e acabou resultando na intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) na economia nacional.

Convém lembrar que a crise foi provocada pelos EUA, cujo Banco Central (Federal Reserve) à época elevou a taxa anual de juros a 20% com o objetivo de salvar a hegemonia do padrão dólar, abalada pela decisão unilateral da Casa Branca de acabar com o lastro do dólar em ouro.

Quem pagou a salgada conta da política monetária estadunidense foram os países mais pobres, que tinham contraído empréstimos nos bancos privados norte-americanos e europeus a taxas de juros flutuantes.

As receitas impostas pelo FMI e Banco Mundial, feitas sob a medida dos interesses da oligarquia financeira internacional, provocaram uma severa depressão e levaram a taxa de crescimento médio anual do PIB brasileiro despencar de 7% entre os anos 1930 a 1980 para cerca de 2% nas décadas seguintes.

Nova ordem mundial

Cresce no Brasil hoje, assim como em outros países que compõem a periferia do sistema capitalista-imperialista, o consenso de que para alcançar uma efetiva soberania será necessário caminhar na direção de uma nova ordem mundial.

Esta perspectiva ganha concretude e impulso com a ampliação do Brics e do seu Novo Banco de Desenvolvimento, o fortalecimento das relações Sul/Sul e a restauração do projeto de integração democrático e soberano dos países latino-americanos e caribenhos.

Desenvolvimento com valorização do trabalho

Democracia e soberania são dois valores fundamentais e, em nosso caso, também pressupostos de um novo projeto nacional de desenvolvimento, que conforme sugere a Constituição Federal deve ter por objetivo e fonte a valorização do trabalho, o combate às desigualdades e discriminações, o respeito ao meio ambiente e a reindustrialização da economia.

A classe trabalhadora brasileira está diante do desafio de liderar uma ampla frente social e política para sustentar e viabilizar o projeto mudancista, isolando e derrotando as forças de direita e extrema direita que conspiram diuturnamente para manter nossa amada pátria no rumo do atraso, espoliada pelo imperialismo e com a concentração da renda e as desigualdades sociais em alta.

Vamos também resgatar as cores e os símbolos da nação que os bolsonaristas golpistas, fantasiados de patriotas, tentaram sequestrar para mascarar o caráter antipopular, antipatriótico e antidemocrático do projeto neofascista que cultivam.