Unidade da juventude trabalhadora para fortalecer a FSM

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Encontro Latino-Americano da Juventude Trabalhadora da Federação Sindical Mundial (FSM)

Unidade da juventude trabalhadora para fortalecer a FSM *

De 26 a 27 de julho, foi realizado o Encontro Latino-Americano da Juventude Trabalhadora da Federação Sindical Mundial (FSM) com a participação de delegações do México, República Dominicana, El Salvador, Costa Rica, Cuba, Honduras, Guatemala, Argentina , Peru, Chile e Brasil, e do secretário-geral da FSM, Pambis Kyritsis.

Neste primeiro encontro da atual gestão da FSM, foi analisada a situação da juventude trabalhadora da região, a fim de construir soluções alternativas para seus problemas, articulando as lutas da juventude trabalhadora, fortalecendo a FSM.

Foram dois dias intensos, com caráter de classe, que começaram no dia 26 de julho com uma mobilização na Cidade do México, na Embaixada dos Estados Unidos, denunciando em uma manifestação o bloqueio criminoso que paira sobre Cuba. Foi um início explosivo, de protesto, que marca o caráter político deste encontro que abordou questões trabalhistas em diversas mesas de trabalho, incluindo o impacto das novas tecnologias nas relações de trabalho e, ainda, abordando as questões a partir de uma perspectiva de gênero.

O trabalho foi fortemente impactado pelo aparecimento de plataformas digitais, totalmente desreguladas em termos de direitos, que repensam as relações sociolaborais, setor onde se situa sobretudo a juventude trabalhadora e ao qual a FSM deve responder, principalmente a partir da juventude.

É o caso dos entregadores, dos motorizados que devem fazer seguro de veículo, seguro de vida, comprar seus uniformes, mas as plataformas digitais não reconhecem isso. Variam até as formas de pagamento à vontade. Assim, um trabalhador que ganhasse um valor no dia, ao variar o algoritmo de aplicação no dia seguinte, teria que trabalhar mais horas para obter o mesmo valor do dia anterior, por efeito da demanda do mercado. Isso representa uma relação precária.

E no caso dos trabalhadores desse mesmo setor, eles são constantemente assediados, pois essas plataformas não oferecem segurança ou garantia sobre quem demanda o serviço. É um exemplo do impacto dessas tecnologias no mundo do trabalho, mas há muito mais.

Por exemplo, o desenvolvimento de novas tecnologias depois da covid-19 repensou as comunicações sociais, ultrapassou fronteiras e a comunicação hoje é mais fácil, mas o facto de a tecnologia estar disponível nem sempre significa que é utilizada corretamente. É importante que os trabalhadores sejam capacitados no uso das novas ferramentas tecnológicas e dêem lugar a uma nova geração ou uma nova forma de comunicação e organização.

O Encontro abordou a necessidade de fortalecer as comunicações e desenvolver campanhas de solidariedade em nível nacional com a luta dos povos e as demandas juvenis. Repercutiu-se a necessidade de difundir e fortalecer a formação sindical e os espaços de formação, de ter dirigentes que levem a luta a patamares superiores e com eficiência.

Entre outras tarefas, propôs-se que seja tarefa da juventude trabalhadora lutar pelo acesso universal à saúde, que não é privilégio de poucos, mas direito de todos, e sobretudo no local de trabalho, onde os jovens estão expostos a situações de trabalho que geram doenças osteomusculares, incluindo jornadas de trabalho atípicas ou responsabilidades laborais excessivas que geram estresse que deteriora a saúde física e psicológica dos trabalhadores.

Além disso, é importante que a educação chegue a todos. Por exemplo, no caso de novas tecnologias. Um jovem não deve esperar até estar no mercado de trabalho para aprender essas novas tecnologias, mas sim, desde a escola, instituto ou universidade, o currículo deve ter formação nessas ferramentas. Os cursos básicos de automação de escritório que são conhecidos atualmente nessas escolas não preparam o jovem para enfrentar o mercado de trabalho, porque a tecnologia mudou, a inteligência artificial deu o tom e poucos estão acompanhando essas mudanças.

Durante o encontro, foi escolhida a estrutura que será responsável por organizar a juventude trabalhadora da região. Em breve, estaremos reunidos para definir a prioridade na luta, enquanto treinamos nossas lideranças no uso das novas tecnologias de comunicação para estarmos mais unidos e organizarmos a defesa dos direitos trabalhistas.

Nossa tarefa é construir soluções alternativas para os problemas, articulando as lutas da juventude trabalhadora, fortalecendo a Federação Sindical Mundial.

*Artigo de César Soberon
Participou do Encontro representando a FTCCP Peru e a FLEMACON.